segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O que é comprometimento?

com.pro.me.ti.men.to (comprometer + mento) sm Ação de comprometer.

com.pro.me.ter (lat compromittere) vpr 1 Obrigar-se por compromisso. 2 Que assumiu compromisso de casamento, ou deveres de lealdade para com quem mantem relações de simples namoro. 3 Que corre perigo de algum embraço ou dano.

Desde criança meus pais me ensinaram que eu deveria consultar o dicionário, o famoso "pai dos burros", caso não soubesse o significado de alguma palavra. Foi exatamente isso que eu fiz.

Ao ler ontem as declarações do nosso bravo André Silva, vice de futebol, fiquei na dúvida sobre o significado da palavra "comprometimento" e resolvi conferir no Dicionário Prático da Língua Portuguesa - Michaelis. O resultado está no início desse texto.

Pra que você não fique mais perdido que a diretoria alvinegra, aqui estão partes da entrevista de André, reproduzidas do Globo.com:

- Faltou comprometimento dos jogadores. Nós (diretoria) demos toda a estrutura e apoio possível. Não faltou nada a ninguém. Em algum momento nos perdemos e, por isso, vamos rever algumas coisas e cobrá-los. Quem não tiver comprometimento com o clube vai ter que sair.

Sobre possívies excessos dos jogadores e corpo mole, André disse:

- Não chegaria a tanto. Acho que foi falta de comprometimento mesmo, acharam que já estávamos encaminhados na luta do título e na Libertadores e relaxamos. Também houve muitas mudanças táticas que para mim atrapalharam. Espero que domingo eles (jogadores) honrem a camisa do Botafogo.

Disse outras coisas também, mas vou ficar por aqui.

Minha dúvida é se somente ontem, após perder de 4 pro Atlético-MG e jogar fora a vaga na Libertadores - não vejo a menor possibilidade disso acontecer mesmo com chances matemáticas - que nosso vice de futebol descobriu que o time está descompromissado?

Não sei se alguém concorda comigo, mas vamos aos meus pontos:

- Se os caras não se atrasam, não faltam, cumprem seus deveres - treinar, concentrar, se preparar, se cuidar e jogar - então estão cumprindo o acordo que firmaram com o clube.

- André não crê em corpo mole ou falta de cuidado com saúde/rendimento dos atletas. Então não vejo sinal de negligência dos jogadores.

- O Botafogo vem colhendo maus resultados ao longo de todo segundo turno e mesmo no primeiro nao foi brilhante. Fomos eliminados prematuramente na Sula e na Copa do Brasil e nem sequer disputamos a Taça Rio. Quer dizer, não tem nenhuma novidade na campanha pífia no Brasileiro.

- Se existe falta de compromisso, André deve ser claro e apresentar os fatos. "Achar" que falta compromisso sem dizer os motivos reais é, no mínimo, leviano. Uma tentativa ridícula de jogar a torcida contra os jogadores e se isentar da responsabilidade.

- Em qualquer empresa ou organização que se preze existe uma hierarquia que deve ser respeitada. Quando resultados não são alcançados ou são identificados problemas dentro da equipe, é função de quem está acima buscar soluções que gerem melhores resultados para a instituição.

- Se existem fatos que comprovem a falta de compromisso da equipe com o Botafogo, providências deveriam ter sido tomadas há muito tempo. Se não foram, é porque houve conivência ou pelo menos negligência dos responsáveis pelo futebol do Botafogo.

Com base nesses pontos que tentei colocar aqui de forma bem objetiva, apresento minhas conclusões:

- Certamente que o grupo não tem o nível que a diretoria acreditava e por isso está ocupando nesse momento o exato lugar que merece.

- O grupo de jogadores é fraco e/ou faltou um treinador capaz de identificar e criar formas de minimizar as falhas individuais e coletivas desse time.

- O vice de futebol errou ao não tomar medidas com relação ao que ele julga ser falta de comprometimento dos atletas, e por isso deve se explicar ao Clube que o contratou e paga justamente para que ele faça com que o futebol funcione sem problemas. Resultado é consequência. Somente um pode vencer.

- Se de fato somente agora André Silva percebeu que alguma coisa está errada no grupo, deve abandonar o futebol e abrir uma creche.

Sem mais.

sábado, 26 de novembro de 2011

Após as eleições

Fiquei um pouco afastado aqui da Coluna nos últimos dias. A meu favor quero dizer que estive nas derrotas pro Vasco e Inter no Engenhão, mantendo minha promessa de acompanhar o time em todos os jogos possíveis aqui no Rio.

Acompanhei, sem escrever nada aqui, a demissão de Caio Júnior e a efetivação do Flavio Tenius. Aguardei também o resultado das eleições que aconteceram ontem para voltar a me manifestar.

Por partes, quero falar da demissão do nosso antigo treinador. Todo mundo sabe que eu nunca achei uma boa contratação. Nunca acreditei no Caio Júnior como alguém que pudesse dar ao Botafogo o que era preciso pra decolar. Não quer dizer que não possa ser campeão mundial ano que vem, mas é apenas uma questão de adequação.

Desejo sucesso a ele e, quem sabe, amanhã não possa dirigir novamente o Botafogo em outras circunstâncias.

Sou muito favorável a manutenção dos trabalhos. Sei que não se deve ceder facilmente a pressão da torcida e da imprensa. Mas tenho dúvidas se Caio Júnior foi mantido tanto tempo por seu méritos ou por uma absoluta falta de alternativa. Afinal de contas, quais os nomes no mercado que poderiam chegar com força para levar o Botafogo adiante? Apostar em um novo nome, como no caso do Estévan Soares, seria repetir um enorme erro. Portanto, realmente acho que esse pode ter sido o principal aliado de Caio Júnior em todo esse período.

Por outro lado, por que demitir o tal treinador faltando 3 jogos para encerrar o último campeonato da temporada? Não demitiram na eliminação do estadual. Não demitiram na eliminação na Copa do Brasil. Não demitiram na eliminação da Sul-Americana, nesse caso com erro de estratégia gigante do departamento de futebol. Não demitiram ao longo do irregular futebol apresentado no Brasileiro. Então, repito a pergunta: por que demitir o treinador faltando apenas 3 jogos para o final da temporada?

Posso considerar que o cara perdeu o grupo, perdeu motivação, perdeu o respeito mútuo entre os profissionais do departamento de futebol... coisas desse tipo. Nesse caso, realmente a melhor alternativa é afastar o treinador e já se preparar para o ano seguinte. Para que a permanencia dele não crie nenhum constrangimento e nem possa contaminar o grupo. Afinal de contas, não faz sentido iniciar o planejamento de um novo trabalho, se uma pessoa que não estará nessa planejamento, estiver ainda participando do grupo. Como fazer? O time treina, faz palestra e na hora da reunião de planejamento falam: "Valeu Caio, agora deixa a gente aqui sozinho que vamos falar do ano que vem". Não faz sentido.

Essa hipótese é verdadeira, e acredito. Mas alguém já pensou que a diretoria possa ter tido medo de que Caio Júnior conseguisse a Libertadores? Tenho certeza que todos no Botafogo concordam que o trabalho já tinha afundado e que não haveria mais salvação. A relação com a torcida azedou. Aos poucos os jogadores começaram a reclamar de posicionamento e por aí vai. Mas se no meio disso tudo, oo Botafogo classificasse aos trancos e barrancos pra Libertadores o que você faria? Demitiria o técnico considerando que não confiava mais no trabalho dele? Situação difícil.

Acho que chegou um momento em que tiveram medo que o Botafogo classificasse e fosse criada uma tremenda saia justa. Por isso arriscaram efetivar o Tenius.

Sobre as eleições, Maurício Assumpção era uma barbarda. Muita gente o critica pelos resultados pouco expressivos em termos de conquistas e eu até entendo, mas tenho algumas observações.

Ninguém se apresentou para assumir o Botafogo depois que o Bebeto saiu fazendo uma tremenda bagunça e deixando o clube praticamente sem elenco.

Há muito tempo nem sequer disputávamos uma chance na Libertadores. Chegamos em 2 dos 3 anos de Maurício como Presidente.

Na área comercial e de marketing, o trabalho do Botafogo é disparado um dos melhores do Brasil. Seja através da novos produtos e campanhas, trazendo de volta ídolos do passado, comercializando melhor a camisa, rentabilizando o Engenhão, realizando eventos... 
Para os queridos amigos que não conseguem compreender, o caminho é até mais simples do que imaginam.
Todo esse esforço tem como objetivos renovar torcida, "reativar" torcedores adormecidos e aproximar torcedores de fora do Rio de Janeiro, que são muitos! No final, isso tudo significa uma nova receita imediata e maior ainda futuramente.
Ao invés de abrir os cofres para montar um time, ser campeão e sair carregado pela torcida, a administração do Maurício pensa o futuro do Clube.

As demais sedes do Botafogo estão sendo estruturadas e modernizadas através de parcerias interessantes.

Esportes olímpicos também começam a ter equipes de base pensando na estruturação do Clube. Parcerias também estão sendo desenvolvidas.

O Botafogo voltou a ter jogadores, como Jefferson e Maicosuel. Coisa que há muito tempo não ocorria.

Enfim, vejo com muita alegria a sua reeleição e torço para que continue fazendo um bom trabalho. Nada é e nem será perfeito, pois isso também é relativo. Existem pessoas que gostariam que o time fosse campeão brasileiro, mesmo que precisasse encerrar as atividades no ano seguinte. Não concordo, mas é uma questão de opinião.

Conheci o Maurício pessoalmente. Sempre me tratou super bem, e continua me tratando assim sempre que nos encontramos. Vi e continuo vendo nele alguém que trabalha pelo Botafogo.

Cheguei a realizar um trabalho em parceria com o Botafogo e, diga-se de passagem, teria até motivos para "bater" nessa administração, pois o Diretor de Marketing do Botafogo, Senhor Marcelo Guimarães, rompeu um acordo que tínhamos firmado e foi extremamente deselgante e pouco profissional nesse caso.

Mesmo assim, apesar desse detalhe que julgo importante, continuo considerando o trabalho todo, inclusive do Marketing, muito bom.

Um erro, que espero ter sido isolado, não pode prejudicar o trabalho de 3 anos de uma equipe toda.

Continuo na torcida para que os próximos 3 anos continuem sendo de evolução e, da minha parte, comprarei meu título de sócio. Além de ir aos jogos, apoiar o time e colocar aqui as minhas opiniões, acredito que seja uma ótima forma de participar e ajudar na caminhada do Botafogo.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Vamos falar de tática?


Na derrota para o Figueirense, Caio Júnior falou entre outras besteiras que aqui no Brasil não se discute tática, mas apenas o resultado.

Não quero entrar em discussões sobre isso, mas me proponho e esquecer o resultado do jogo contra o Vasco e analisar somente o sistema tático adotado pelo Botafogo. Aliás, não só a tática, como a estratégia e outras questões.

Antes da partida contra o Vasco, conversava com meu pai sobre a forma do Botafogo atuar. Na minha cabeça, deveríamos entrar em campo sem afobação, sem sair desesperados para fazer o gol, pois imaginava que o Vasco estaria justamente esperando isso. Não é que o empate fosse bom resultado para o Vasco, mas considerando as circunstâncias, era óbvio que o Botafogo jogava mais pressionado.

Perdemos em casa para o Figueirense, perdemos posição para Flu e o próprio Figueirense, nossas últimas atuações não eram boas enquanto o Vasco vinha de uma bela goleada com classificação pouco provável na Sul-Americana, além de que um empate ou mesmo a derrota não seria o fim do campeonato para os vascaínos.

Com esse raciocínio, como treinador do Vasco, pensaria no time bem colocado atrás, fechando o meio e partindo no contra-ataque.

Como técnico do Botafogo, eu imaginaria que o Vasco viria dessa forma e por isso mesmo faria diferente. Colocaria também o Botafogo um pouco mais atrás, tocando a bola e só saindo na boa, fazendo com que o Vasco se sentisse confiante para sair um pouco mais, principalmente no segundo tempo.

Considerando que já saberíamos o resultado do jogo entre Corinthians e Atlético-PR, e que provavelmente seria uma vitória paulista como de fato aconteceu, o Vasco em algum momento partiria para tentar a vitória. Principalmente com o Botafogo sendo “inofensivo” no primeiro tempo.

Mas tudo isso fui eu que pensei. Nosso treinador, esse sim pago pra pensar em estratégias de jogo, fez exatamente o que eu, o Vasco e todo mundo imaginou. Mandou o Botafogo partir com tudo pra cima do adversário.

De fato tivemos alguma chance de gol nos primeiro minutos, mas o Vasco rapidamente encaixou os contra-ataques e em pouco tempo abriu o placar num gol com cara de final de jogo, já que a defesa estava abandonada, com o time todo na frente.

A partir daí foi um desastre completo. O Botafogo cedia contra-ataques sem atacar. Tocava a bola de um lado para o outro entre os zagueiros, com os demais jogadores sendo muito bem marcados e sem nenhuma alternativa pra saída de bola. Nesse esquema cedemos a jogada que resultou no pênalti e outras oportunidades para que o Vasco ampliasse o placar.

O segundo tempo ficou na mesma e assim foi até o final. Não demos seque um chute a gol. Não assustamos em nenhum momento o time do Vasco e até com um jogador do Vasco expulso eles foram melhores.

Falando de tática, vejo uma coisa clara no time do Botafogo e que persiste desde o início do campeonato. Os jogadores se posicionam muito distantes um dos outros e forma uma linha ofensiva que não faz sentido na minha cabeça. Caio Júnior criou um sistema 5-1-4 revolucionário e pouquíssimo inteligente.

Marcelo Mattos joga quase como um terceiro zagueiro com F.Ferreira e A.Carlos, além dos laterais. No meio, Renato sozinho tenta distribuir o jogo para Maicosuel, Herrera  e Elkeson, que jogam colados a linha lateral. Loco isolado na frente nada pode fazer.

Esse posicionamento na linha lateral faz com que os jogadores recebam a bola sempre pressionados entre a marcação e a própria linha lateral. Facilita a marcação de mais, e no jogo contra o Vasco ficou evidente.

Além disso, cria-se uma distância enorme do time para o gol. Uma distância enorme e faz com que o Loco fique isolado na área e a gente além de não ter força ofensiva, perca também todos os rebotes.

Loco Abreu não é um jogador de segurar a bola. Ele não protege bem e não tem o mínimo de habilidade para driblar um zagueiro. O jogo dele é ajeitar pra quem chega ou dominar e concluir direto. Se não tem pra quem ele ajeitar, justamente por causa da distância para os companheiros, como fazer pra concluir, se também acaba recebendo muito de costas pro gol? Essa é uma explicação pra falta de finalizações alvinegras.

Vale lembrar como jogava o Botafogo em 2010. Muitas bolas no alto para finalização do próprio Loco ou de outros jogadores que encostavam. Foi assim que o Caio apareceu e fez muitos gols, lembram?

Pois então é disso que estou falando. De tática. O sistema tático do Botafogo abre o meio de campo e não nos dá força ofensiva. Fica difícil explicar sem um desenho, mas em breve vou começar a ilustrar essas besteiras que eu falo aqui.

Queria ver aproximação entre os jogadores, para que surjam tabelas, triangulações e ultrapassagens dos laterais. No sistema atual, é praticamente impossível isso acontecer. Sem contar na falta de jogadas ensaiadas.

Nas cobranças de bola parada, geralmente com Renato, também não criamos nenhum perigo aos adversários. Nem nas diretas e nem nas levantadas pra área. Falta de treinamento, de orientação? Não sei, mas isso não é de hoje  e não vejo melhorias. Falta de trabalho, com certeza.

Pronto, Caio Júnior. Não falei de resultado. Falei de tática, de estratégia, de raciocínio e de treinamento. Se quiser conversar mais sobre o assunto, tamos aí.

Vamos ver como o time se comporta hoje contra o América-MG. Na minha opinião, deveríamos ficar quietinhos lá atrás e deixar que o desespero comece a bater nos caras. Eles são rápidos e estão embalados. Se quiser partir pra cima, vamos tomar. Fica a dica.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Carta aberta pela vitória


Prezados companheiros de batalha, escrevo aqui mas a verdade é que gostaria de estar cara a cara com cada um de vocês pra tentar passar com palavras ditas, a emoção que as escritas nem sempre conseguem expressar.

É bem verdade que somos uma torcida de certa forma injustiçada pelo destino que deu ao país, através dos nossos jogadores, títulos mundiais via Seleção Brasileira, mas que a nós reservou uma cota reduzidíssima de conquistas, comparando aos outros 11 grandes clubes brasileiros.

Somamos a isso um absurdo jejum de 21 anos. Uma incômoda lembrança que reflete profundamente em todos nós, como uma marca de nascença que nos acompanha por toda a vida e faz com que muitos de nós carreguem um eterno constrangimento, como se participássemos de um clubinho ao qual não tivéssemos direto de fato.

Toda essa situação é agravada por alguns fatores como toda dificuldade financeira para o clube se reerguer, a queda para a Série B, constantes e recentes fracassos, uma certa campanha negativa da imprensa e por fim, e mais grava na minha opinião, o fato da nossa torcida parecer resignada ao estigma de patinho feio, pedindo desculpas sempre por existir.

“Há coisas que só acontecem ao Botafogo” é uma frase folclórica e até bacaninha, se for considerada por conquistas e fatos curiosos. Porém, parece ter sido adotada como um lema para justificar toda e qualquer derrota e situação vergonhosa ligada ao clube.

Nosso Botafogo é grande, é enorme. Um clube de bela história, grandes ídolos e conquistas. Podem não ser tão numerosas quanto a de outros, mas talvez nenhum grande clube do mundo tenha a maior de todas as vitórias, que foi sobreviver 21 anos sem um título sequer e, mesmo com tudo isso, se manter firme no grupo de elite do futebol brasileiro.

Essa conquista, queridos amigos alvinegros, é uma das maiores do futebol mundial. Essa vitória, aí sim uma das coisas que só acontecem ao Botafogo, só poderia realmente acontecer com um clube como o Botafogo. O nosso Botafogo.

A primeira e única vitória no futebol que só pode ser atribuída a sua torcida. Não foram dirigentes, treinadores, imprensa e nem jogadores que mantiveram aceso o brilho da estrela solitária. Fomos nós, torcedores, que anos após ano renovamos nosso amor apesar de todas as dificuldades, apesar da falta de recíproca, mas acima de tudo por amor ao Botafogo.

Curiosamente, após toda superação que tivemos apoiando o time durante todo o período de escassez até a épica vitória de 89 e o bi de 1990, parece que em algum lugar perdemos de vista o brilho da estrela que nos guiou ao longo da escuridão de conquistas.

De uma hora pra outra, sem nenhum aviso, parece que começamos a curtir uma espécie de depressão pós-parto. Esperamos tanto pra voltar a reconquistar, a dar a luz a nova era, que ao conseguirmos, sentimos uma espécie de vazio.

Sempre que temos possibilidades de uma conquista, a impressão que tenho é de que a torcida abre mão. Como se estivesse esperando o momento da derrota para poder dizer “são coisas que só acontecem ao Botafogo”. Me atrevo a dizer que, em alguns casos, intimamente torcemos pela derrota, para podermos justificar todas as derrotas da nossa história lembrando que nosso time está predestinado ao sofrimento, e essa seria a grande razão de ser botafoguense.

Me desculpem aqueles que pensam dessa forma, mas eu quero vencer. Quero ser campeão. E pra isso precisamos mais do que time, mais do que treinador, estádio ou qualquer outra coisa. Precisamos da torcida. A mesma torcida que manteve esse clube no alto, mesmo com todas as dificuldades.

Domingo temos um clássico contra o Vasco e a torcida precisa lotar o Engenhão, como lotou em 2009 e evitou a queda do time novamente para a Série B. Por que naquele momento em vi cada torcedor empenhado em ajudar o clube e agora não vejo? Só ouço lamentos e falta de tesão.

Não em venham aqui argumentar que o Caio Júnior “isso”, o Herrera “aquilo”… Sou um dos maiores críticos do trabalho do nosso treinador. Mas nesse momento não estou preocupado com ele, quero o bem do Botafogo apesar dele, isso sim. Ou alguém adorava o trabalho do Estevam Soares? Só pra lembrar, o Alessandro era nosso lateral!

Então, não adianta reclamar do time nem de mais nada. Vemos o Flamengo lutando, o Fluminense lutando, o Vasco brigando… e as arquibancadas lotadas. A torcida joga junto e muitas vezes faz com que o time jogue, ou alguém acha essas equipes muito melhores que a nossa?

Domingo vamos lotar e vamos torcer. Não só domingo, mas em todos os jogos restantes desse Campeonato Brasileiro. Vamos juntos, vamos torcer, vibrar e levantar o time rumo as vitórias. O título pode vir ou não, isso é consequência, mas o importante é estarmos juntos nessa briga.

Todo mundo lá!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Carta aberta para Caio Júnior


Prezado Caio Júnior, não nos conhecemos pessoalmente mas venho acompanhando seu trabalho desde que assumiu o Botafogo, ainda no primeiro semestre de 2011.

Confesso que nunca me entusiasmei com sua contratação e fui bem implicante ao longo de todo esse período. É das fraquezas humanas e peço que me desculpe. A meu favor quero dizer que não é nada pessoal.

Quanto ao lado profissional, aí sim tenho inúmeras ressalvas. Peço que me compreenda, afinal de contas minha relação com o Botafogo é bem mais antiga. São 31 anos de cumplicidade e camaradagem, na alegria e na tristeza. Com certeza você entende que não é fácil ver uma outra pessoa chegar e tomar conta de tudo, sem oferecer nada em troca.

E no seu caso, meu caro Caio Júnior, realmente não há muito que você tenha oferecido até aqui e, para me justificar e fazer com que você acompanhe meu raciocínio, faço questão de compartilhar o meu drama. Afinal de contas, fica sempre mais fácil criar empatia e assim resolver os problemas.

Sob seu comando, mesmo que por poucas partidas, fomos eliminados da Taça Rio. Conseguimos ficar em quinto colocado em um campeonato que só 4 equipes disputam. Sei que você ainda não estava ambientado, que estava promovendo mudanças, mas mesmo assim é difícil de aceitar. Mas aceitei e seguimos em frente.

Já na Copa do Brasil, e nesse caso os resultados anteriores não fazem diferença pois se tratam de partidas eliminatórias, o famoso mata-mata, novamente uma eliminação, digníssimo Cario Júnior. O algoz foi o Avaí, esse mesmo time que passou o Brasileirão entre a 20ª e a 17ª posição praticamente. O mesmo Avaí que ano que vem disputará a série B, excelentíssimo Caio Júnior.

O discurso de mudança ainda teve efeito e seguimos em frente rumo a um segundo semestre de vitórias, conquistas e, acima de tudo, bom futebol.

Antes de entrar no capítulo Campeonato Brasileiro, querido Caio Júnior, faço questão de dar a você a oportunidade de explicar a estratégia adotada na Copa Sul-Americana. Poupar os principais jogadores do time na primeira partida realizada aqui no Rio de Janeiro, sinceramente não faz sentido pra mim. Mas por favor me perdoe. Afinal de contas, eu não sou Doutor em Futebol. Sou apenas um torcedor, um mero “popular”que paga ingresso e fica sem voz torcendo pelo seu time. Aquele mesmo time da relação de 31 anos a que me referi no início dessa carta. Mas… voltando a minha ignorância com relação a estratégias futebolísticas, queria entender se não era mais fácil tentar fazer um bom resultado no primeiro jogo e depois, aí sim, poupar os titulares da viagem, da altitude e do desgaste de tentar virar um resultado.
Sem contar que poderíamos ter poupado a imagem do clube internacionalmente, ou quem sabe, até melhorá-la.
Novamente peço perdão por minha intromissão e falta de visão e espero, sinceramente, que você possa em algum momento dar algumas pistas do seu iluminado raciocínio. Afinal, como eu disse, sou só um curioso que tenta entender e aprender com os mestres do futebol sobre os macetes, técnicas e malícias do famoso esporte bretão.

Mas é hora de seguir em frente e chegar ao tão comentado Campeonato Brasileiro. É verdade que estamos ao longo da disputa lutando pelas primeiras posições. Figuramos entre os 6 primeiro durante boa parte do torneio e fico feliz com essa situação.

É verdade também, fantástico Caio Júnior, que venho reclamando da postura da equipe, das suas escalações, das suas substituições e peço sua saída desde o início do campeonato. Por favor me entenda, imagino a dificuldade em sustentar sua família com o salário que lhe pagam aqui no Brasil e sua demissão certamente traria inúmeras dificuldades aos seus entes queridos, mas realmente é mais forte que eu.

Também é claro que o Botafogo em momento algum no campeonato convenceu. Algumas boas partidas a partir da vitória contra o Vasco e foram até o primeiro tempo contra o São Paulo. Esse foi o período em que o Botafogo parecia que iria se firmar, mas não aconteceu.

Você, genial Caio Júnior, gosta de frisar, sempre nas derrotas, que o time teve grande posse de bola, organização e tudo mais. Porém, brilhante Caio Júnior, de que adianta posse de bola se há incapacidade de transformá-la em gol ou pelo menos em chances de gol.

Na última partida contra o Figueirense eu estava lá, assim como em diversas outras partidas. Vi um time sem força, distante, sem saber o que fazia com a bola que tinha nos pés e sem criatividade, como na maioria das oportunidades que pude assistir ao seu Botafogo. Nesse caso, só o seu, não o meu.

Após a derrota, professor Caio Júnior, você veio dizer que no Brasil não se discute a tática e que só se preza o resultado. Talvez você tenha razão, mas a verdade, estrategista Caio Júnior, é que futebol é resultado sim. Isso não é uma novidade, mas talvez você ainda não saiba.

Aliás, vale lembrar que o próprio Botafogo – o meu Botafogo, talvez não o seu, pois se fosse você certamente saberia – perdeu 3 finais do campeonato estadual para o Flamengo jogando, quase sempre, melhor. Dando show, em alguns momentos. Mas somente com a chegada do seu antecessor, o retranqueiro Joel Santana, conseguimos ser campeões. Ele jogou pelo resultado e conseguiu.

Mas isso você também não deve saber. A única coisa que você parece saber bem, estudioso Caio Júnior, é que o Botafogo não vence o Brasileiro há 16 anos. Eu também sei disso e toda a torcida. Então, não entendo o motivo para que você fique lembrando disso a cada entrevista, a cada derrota, como se jogasse na minha e na cara de cada torcedor alvinegro que a “sua” campanha é a melhor nesse período. Como se por isso devêssemos erguer uma estátua em sua homenagem e agradecer eternamente por você ter se dado ao trabalho de abandonar o estilo de vida e o excelente futebol do Qatar para nos fazer esse imenso favor de treinar o Botafogo.

Então, iludido Caio Júnior, faço questão de te contar algumas coisas que talvez você também não saiba. Mas isso não é novidade, afinal de contas você não sabe de tudo. Quem poderia?

Vou ajudar contanto pra você que o seu time não joga bem. Algumas poucas partidas boas, muitas ruins e outras tantas desastrosas. Posso lembrar a você que a vitória contra o Grêmio no Olímpico foi uma das piores partidas do Botafogo, mas vencemos! Nesse caso você abriu mão da vitória pelo fato do Grêmio ter tido maior volume de jogo, maior posse de bola? Pois é, assim funciona o futebol.
Teve empate também horroroso, como contra o Bahia e o Atlético-GO, ambos no Rio de Janeiro, lembra?
E as derrotas humilhantes para Atlético-GO tomando 2 gols com 10 minutos de jogo? E aquele sacode do Coritiba de 5? Repare que não citei clubes grandes.

Ah… talvez a torcida vá discordar, mas a vitória contra o Corinthians foi a vitória de um time pequeno que fez 2 gols em contra-ataques no primeiro tempo e se encolheu covardemente se salvando pela má pontaria e garra da defesa. Não vi o brilhantismo do nosso treinador fazendo o time manter a posse de bola, tocando com calma, segurando o jogo no ataque… não vi nada disso. Mais uma vez entregamos os pontos ao adversário? Não. Aceitamos a vitória, o futebol de resultados.

E nas derrotas, esquecido Caio Júnior? Aí lembramos que o futebol é mais que o gol, mais que a vitória, que há tática e estratégia envolvidos, certo?

Indeciso Caio Júnior, tem mais coisas que talvez você não saiba. Coisas como não se modificar uma equipe por medo de perder contra um time pequeno. Coisas como passar confiança para os jogadores e torcida, deixando claro a equipe que julga a melhor, a titular. Mesmo que haja alguma dúvida, ela deve ser sua, só sua, e não ser dada de bandeja para os adversários.

Time que quer ser campeão está definido sempre. Altera-se na necessidade de uma lesão ou suspensão e acabou. Não existe essa de adaptar time de acordo com o adversário. O adversário que se vire para se adaptar ao Botafogo.

E quando se joga em casa pela liderança do campeonato contra um time pequeno? Pequeno sim. Não me venham aqui dizer da campanha do Figueirense, do Jorginho e de mais outra besteira qualquer. Figueirense é time pequeno e deve ser colocado no seu lugar. Ao Botafogo cabia se comportar como time grande que é e candidato ao título. Pegar seu time titular (Jeff, Lucas, A.Carlos, F.Ferreira, Cortês, M.Mattos, Renato, Elkesson, Maicosuel, Herrera e Loco) colocar em campo e se impor.

Mas não foi isso que aconteceu, fantástico Caio Júnior,  Botafogo tremeu, modificou a escalação para enfrentar o temido Figueirense e deu toda moral do mundo aos adversários que entraram em campo, meteram o gol e jogaram tranquilamente o restante da partida esperando o tempo passar. Ainda se deram ao luxo de driblar nosso goleiro e chutar pra fora. Aliás, as chances reais de gols foram somente deles.

Estou chegando ao final dessa carta, amigo Caio Júnior, acreditando realmente que possa ter auxiliado de alguma forma e que você me veja como alguém que quer o bem do seu Botafogo, que nesse caso seria o meu também.

Faltam poucas rodadas para o final do campeonato e tudo que peço são atuações dignas do Botafogo. Vitórias, derrotas, empates, resultados são sim importantes, como frisei. Mas já vi uma Maracanã lotado aplaudir um time que perdeu um título em casa por não conseguir fazer um único gol. Os aplausos não foram para o resultado obviamente. Foram para o time, a entrega, a tática ou mesmo a falta dela, em busca da vitória e da honra para o clube e sua torcida.

Talvez você saiba disso, talvez não. É só mais um dado histórico do time que você está treinando atualmente e que, na maioria das vezes, tenho quase certeza que você confunde com um outro clube qualquer do Qatar.